15 de novembro de 2010

Notas sobre a palestra JENNIFER DOYLE sobre Arte contemporânea, esporte e gênero, UFRJ/RJ

Na semana passada, participei da palestra da professora Jennifer Doyle (Universidade da Califórnia), na Faculdade de Educação da UFRJ. Na ocasião, a pesquisadora proferiu um discurso sobre arte contemporânea, esporte e gênero [com foco na Teoria Queer]. Doyle interessa-se especificamente sobre Performance e no campo do esporte, por futebol [1]. O foco da palestra foi gênero, performance e futebol feminino. Um ponto nevrálgico da fala da palestrante me fez refletir sobre a ausência do esporte como tema de reflexão na arte contemporânea [apesar de alguns artistas modernos abordarem o esporte e algumas práticas corporais nas suas obras]. No momento do debate com a palestrante, questionei sobre a escassez de trabalhos de arte contemporânea que tematizassem as questões de gênero, utilizando o esporte como foco. Como exemplos dessa escassez, mencionei a Bienal de São Paulo de 2010 e a exposição "Gender Check", ocorrida esse ano com artistas contemporâneos da Europa Oriental que trabalham com a temática de gênero. Jennifer teceu rápidos comentários sobre a manutenção desta temática à sombra por instituições [representadas por museus, galerias etc.], e pessoas envolvidas com a arte contemporânea [curadores/as, galeristas e artisitas], por ser interpretada como desinteressante, menos valiosa ou relevante. Tal interpretação corrobora com o que ocorre, em geral, na área das Ciências Humanas e Sociais. Somente recentemente a História e a Sociologia passaram a reconhecer o esporte como rico suporte para efetuar análises e interpretações macro e microssociais, auxiliando na compreensão de aspectos políticos, culturais e históricos de nossa sociedade. Não raro, entretanto, ainda conheço historiadores e sociólogos que não são bem vistos ao se debruçarem sobre o esporte [geralmente o futebol] enquanto tema de estudo e investigação pelas mesmas razões enumeradas por Jennifer. Como fica a posição da arte contemporânea nesse contexto? Convido os leitores e leitoras que acompanham o Blog a tecerem alguns comentários sobre este tema, que me parece uma lacuna a ser explorada.

[1] http://fromaleftwing.blogspot.com/ Blog organizado pela professora Jennifer Doyle, que aborda, especificamente, as questões de gênero inerentes à participação das mulheres no futebol. No link "labels", é possível encontrar 15 posts onde a pesquisadora tece algumas interpretações em relação a como a Arte Contemporânea vem abordando a questão.

4 comentários:

  1. Oi Fabiano, tudo bom?
    Dentro da minha série atual de trabalhos, chamada "Macho Toys", há um grupo de trabalhos que tem alguma afinidade com a sua pesquisa, pois eu uso imagens antigas de halterofilistas, como um dos 3 esteriótipos básicos de masculinidade, para justamente questionar as "regras" conservadoras de definição de gênero.
    Fica aqui meu voto de sucesso em sua carreira!
    abs

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  2. Obg, Fábio. Vi seus trabalhos e acho interessantes tb... Parabéns. Mas... Como vc interpreta a posição de instituições/pessoas envolvidas com a arte contemporânea, quando pensamos na abordagem da temática das práticas corporais diversas e o esporte [seja numa perspectiva de gênero ou qquer outra]?
    Abç. Fabiano.

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  3. Pois é, Fabiano, eu nunca havia refletido sobre essa relação da arte contemporânea com a temática das práticas corporais.
    Talvez, vc esteja inaugurando uma linha de pesquisa, não?
    Desejo sorte e sucesso. Bjs. Elaine.

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  4. É...
    Quem sabe um pós-doc sai dessas primeiras reflexões...
    ;-)

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